sexta-feira, 2 de abril de 2010

La loi du temps

Correndo correndo
pelos escuros becos da cidade úmida
Correndo correndo
deixou cair algo no chão
Correndo correndo
mas não percebera estava muito escuro
Correndo correndo
não havia mais tempo
Correndo correndo
o sino da catedral tocou
Correndo correndo
pensava unicamente salvar sua vida
Correndo correndo
não conseguia respirar
Correndo correndo
viu uma velha sentada
Correndo correndo
não dava tempo parar
Correndo correndo
Viu crianças bricando
Correndo correndo
mas não parou pra ver
Correndo correndo
deixou cair algo no chão
Correndo correndo
viu uma bela mulher
Correndo correndo
mas não parou pra ver
Correndo correndo
cansado estava
Correndo correndo
não aguentava mais
Correndo correndo
lembrou que a velha era sua mãe
Correndo correndo
lembou que as crianças eram suas filhas
Correndo correndo
Lembrou que a bela mulher era sua esposa
Correndo correndo
enfiou a mão no bolso
Correndo correndo
viu que caiu sua dignidade
Correndo correndo
viu que caiu sua humanidade
Correndo correndo
mas não tinha perdido o que achava mais importante
Correndo correndo
Seu dinheiro e seu relógio
Correndo correndo
enfim deitou-se na sua cama de pedra
E descansou em paz

R. Guilen

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